Amigo é Para Estas Coisas... E Muito Mais!!! - David Purley

Boa tarde, pessoal!
 
Estamos assistindo hoje à 13ª edição do Big Brother Brasil, onde constatamos que realmente, dentro daquele nicho onde estão inseridos os "heróis bialianos" (este apelido inventei agora), o conceito de amizade pura e simples é muito volátil, totalmente mutável portanto, de acordo com o fato de um ou outro estar em um momento mais "jogador"...
 
Mas o verdadeiro ato de amizade pode surgir em um piscar de olhos e nem mesmo o fato de estar na adrenalina de uma competição, dependendo de quem esteja sendo o foco de análise, consegue desviar a nobreza de tal propósito.
 
Senão vejamos: alguém pode me dizer de primeira quem é este rapaz na foto?
 

Talvez o macacão que esteja vestindo e a inscrição à esquerda do uniforme mate instantaneamente esta charada: é um piloto de corridas, cujo nome é David Purley. Sim, vocês estão corretíssimos. Mas, dentro de uma galeria que lista nomes como Michael Schumacher, Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Mario Andretti, Jackie Stewart, Juan Manuel Fangio e mais atualmente Lewis Hamilton, Fernando Alonso e Sebastian Vettel, porque estaria eu dedicando algumas linhas a este piloto tão... desconhecido?
 
David Charles Purley foi de fato um piloto, britânico de nascimento, tendo nascido em 1945. Correu na categoria mais conhecida do automobilismo, a Fórmula 1, entre os anos de 1973 e 1977, tendo cumprido 11 corridas. Neste ano de 1977, ocorreu um episódios que viria a marcar a sua efêmera carreira: ele próprio sofreu um acidente do GP de Inglaterra, em Silverstone: Purley despistou-se e bateu no muro a 173 Km/h. Ele sofreu uma desaceleração de 178 G, o que fez bater um recorde do Guiness como o homem que sobreviveu a pior desaceleração em todos os tempos.
 
Para se ter uma ideia do que isso representa, a força-g está totalmente ligada a vibração e a ressonância dos tecidos dos organismos. Quando se alcança uma alta força-g, a vibração e a ressonância chegam a tal grau que certos órgãos podem chegar ao ponto extremo de “explodirem”, levando a morte imediata da pessoa. (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/G_(f%C3%ADsica).
 
Porém, anteriormente a isto, em 1973 tivemos o fato que marcou a história de David Purley, alçando-o a categoria dos mais notáveis heróis do esporte mundial. Ele tentou salvar o seu compatriota Roger Williamson, no GP da Holanda de 1973. O salvamento foi inútil, pois ele morreu preso nos destroços do seu March.
 
Durante a corrida, o pneu do carro de Williamson estourou; seu carro bateu no muro de contenção e foi arrastando-se por 275 metros, quando atravessou a pista e finalmente estacionou no muro de contenção oposto. Durante o arrasto, o tanque riscou o asfalto, efeito similar ao de um palito de fósforo sendo friccionado contra a caixa. O carro parou de cabeça para baixo, impossibilitando a saída de Williamson. Seu compatriota e amigo David Purley, embora não sendo da mesma equipe, abandonou sua própria corrida na tentativa desesperada de resgatar o amigo.
 
 
Acima você vê uma da seqüência de fotos que foi tirada logo após o acidente, mostrando Purley desolado e indignado com sua ação inócua. Infelizmente, por conta de uma interpretação um tanto quanto duvidosa da direção de prova e dos demais pilotos, a qual diz respeito à não terem parado para auxiliar Williamson (que estava consciente no carro, mas morrendo asfixiado aos pouco) por acharem que era o carro de Purley que tinha virado (sendo que metros atrás ele havia parado o seu para ajudar o compatriota), o socorro foi acionado e chegou muito tardiamente. Combinado a isso (vocês verão no vídeo anexo a seguir), o despreparo dos comissários de prova, que chegaram próximo ao carro em chamas sem roupa adequada para combater o fogo e para virá-lo, o que salvaria efetivamente a vida de Roger.
 

Acredito que, pela quantidade de carros que passaram por Purley e puderam ver, mesmo por fração de segundos, seu desespero e luta para desvirar o F1 acidentado, que a competitividade poderia ser deixada em segundo plano e a valorização da vida, solidariedade e amizade serem os protagonistas dos atos dos protagonistas da categoria.
 
Observem com atenção a quantidade de carros e o desespero de Purley:
 
 
E, no quesito nobreza, hombridade e percepção do sentido da vida e do valor do amor ao próximo, ligado ao automobilismo, não poderíamos deixar de citar Ayrton Senna. Talvez poucos saibam, mas, similarmente a Purley, ele também absteve-se do seu papel de piloto para poder salvar a vida de um companheiro de profissão. Em 1992, durante os treinos para o GP da Bélgica, o piloto frances Erik Comas perdeu o controle de sua Ligier e bateu. O carro ficou atravessado na pista, e Senna – que passava pelo local no momento – parou sua McLaren e desligou o motor do carro do francês.
 
 
Se isto não fosse feito em questão de segundos, como Comas estava inconsciente e pisando no acelerador com o motor ligado, tendo o combustível vazando, o carro iria explodir.
 
Tamanha nobreza... podemos pensar que amigo é para estas coisas. Mas qualquer um de nós pode agir assim, deixando rivalidades, diferenças e rancores para depois, em benefício dos outros que precisam de nosso amparo.
 
Senna infelizmente partiu da forma que conhecemos, após o acidente em San Marino, na fatídica curva Tamburello, mas se isso não ocorresse e vencesse a corrida, ele não empunharia apenas a bandeira brasileira no pódio, mas também a bandeira austríaca, em homenagem a Roland Ratzemberger, que falecera na mesma prova de 1994, um dia antes de Senna...
 
 
Fica aqui o tributo e o reconhecimento de amizade acima de tudo, no mais amplo sentido, a Purley e Senna...
 
Até a próxima postagem, pessoal!
 
 
 
 
 

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