Filhos "Alternativos" em Nossas Vidas - Amor e Abnegação

Aprecio a maior parte dos artigos que são publicados no site Resiliência Humana (https://universoresiliencia.com/home) e me chamou a atenção um deles, cujo título é "Tenham Filhos". Nesta postagem, tomei a iniciativa de analisar alguns pontos que me chamaram a atenção, deixando claro o respeito já previamente descrito aqui, quanto ao conteúdo de sua autora, chamada Bruna Estrela. 

Por circunstâncias diversas, as quais não vêm ao caso aqui neste momento, eu, que já passei dos 40, não tive filhos e optei por não tê-los. Isto para determinadas pessoas (e é até compreensível em certo ponto), gera questionamentos recorrentes, mas, de um modo geral a partir do momento que postulo os meus argumentos, existe uma compreensão do contexto de vida pelo qual passei a vivo atualmente, pois ele mescla justificativas objetivas e subjetivas. Aproveitei tal "bagagem" para realizar uma espécie de análise do texto da Bruna, o qual ressalto, achei deveras pertinente. 

O link do artigo é https://www.revistapazes.com/tenha-filhos-texto-de-bruna-estela-que-viralizou-na-internet/.

Mas se possível, tenham 2, 3, 4… 

Certamente um ambiente em que a alegria transpire, fomentada por crianças cheias de energia e que extraem de nós o melhor de nossa existência é muito bom. Mas para quem, por outro lado, precisará lidar com 2,3,4 ou mais novos seres, cada qual com sua personalidade, suas demandas, seus anseios e isto poderá vir a resultar em uma “dosagem” insuficiente de atenção e até mesmo desproporcional entre eles. Complementando, dentro do contexto do mundo de hoje, estamos muito mais propensos ao “se possível” ser quase impossível, por motivos estritamente objetivos (financeiros), especialmente considerando o histórico de indicadores socioeconômicos que perdura no Brasil.

Esqueça aquela história de que filhos são gastos.

Neste ponto, podemos tecer algumas análises diferentes, dependendo do contexto em que a palavra “gastos” pode ser empregada. Em primeiro lugar, a partir do momento que você torna-se pai ou mãe, o filho é ao mesmo tempo um gasto (devido às despesas geradas ao longo de sua vida), mas também um investimento, por encararmos, pelo amor intenso que gera e o vínculo, um vislumbre de futuro exitoso por parte dele, tanto profissional, quanto emocional. Ou seja, temos uma análise objetiva, sob a alcunha de “gastos” e uma outra análise subjetiva, sob a alcunha de “investimento”.

Ademais, dependendo de sua classe social, o “consumo consciente e econômico”, torna-se muitas vezes forçosamente incipiente porque não há o que consumir. E esta restrição, em boa parte dos casos quando não se há um planejamento prévio, advém da época anterior ao nascimento de um novo filho. Assim sendo, de “consciente e econômico”, passa a ser classificado como “não planejado e restrito”.

Você começa a se preocupar em fazer algo pelo mundo. Separar o lixo, trabalho comunitário, produtos que usam menos plástico… Você é o exemplo de ser humano do seu filho, e nada pode ser mais grandioso que isso.

Decerto, a mudança de paradigma ao tornar-se pai ou mãe impele a maioria das pessoas a tomar ações fora do seu nicho/rotina. Por outro lado há um séquito de pessoas que justamente decidem ou estão impossibilitadas de gerar um filho e destinam seu esforço de fazer a diferença do próximo justamente para pessoas que não estão necessariamente próxima do seu círculo familiar ou de amigos. Sendo assim, a situação acima pode ocorrer nas duas hipóteses.

Um filho faz você ser uma pessoa mais prudente. Você nunca mais irá dirigir sem cinto, ultrapassar de forma arriscada ou beber e assumir a direção

Certamente, considerando a maior parte das pessoas que têm a bondade intrínseca e o amor incondicional (no caso da maternidade e paternidade), a prudência será redobrada. O texto é bastante feliz em ressaltar isso não apenas por uma relação direta entre os fatos, mas também como uma espécie de “lembrete” de que devemos monitorar nossos atos a partir deste giro de 180° em nossa cronologia. Porém (palavra sempre presente), não podemos esquecer que estamos no planeta Terra e aqui as características humanas opostas às virtudes estão presentes e então o “beber e dirigir” ainda persiste... 

Existem também pessoas, como falei inicialmente, impelidas pelas circunstâncias da vida, em cumprir uma missão com um escopo diferente e acabam assumindo uma "maternidade" ou "paternidade" em relação a pessoas de outros graus de parentesco (pais, por exemplo), devido à necessidade de gerir a manutenção de sua saúde. Com isso, os fatores tempo/financeiro/emocional acabam sendo que majoritariamente destinados e forçados a serem administrados em detrimento de suas preferências e projetos pessoais. Podemos dizer que acaba ocorrendo uma espécie de "burnout" pessoal, fora dos casos clássicos ligados à sua profissão. 

E em muitos casos esta atribuição vem duplicada, por envolver os dois pais, nos forçando a ter que optar, mesmo a contragosto, a deixá-los (ou a pelo menos um deles) sob os cuidados de uma instituição (casa de repouso). Além desta faceta ser bastante triste, em alguns casos acaba ocorrendo o abandono por parte de alguns filhos, que deixam de visitá-los por meses e anos, deixando-os à mercê da própria sorte. Mesmo tendo a vigência do Estatuto do Idoso (Lei 10741/2003) para ampará-los neste e em outros sentidos, alguns destes "filhos alternativos" em nossas vidas infelizmente se vêem desamparados de atenção e 

Por fim, quanto aos últimos parágrafos, escritos com uma enumeração de motivos de uma fluência intimista, a meu ver fazem todo o sentido. O único comentário que faço diz respeito à balança entre aprender e ensinar nesta troca constante entre pais e filhos. Você terá que ensinar muito aos filhos e ser persistente em introjetar em sua escala de prioridades, uma quantidade considerável de valores morais e limites, para que no futuro não haja prejuízos e desvios de conduta muitas vezes irreversíveis para consertar. Crianças com toda a certeza nos fazem aprender a seres melhores e conseguem nos surpreender com alguns "arroubos" de sabedoria, mas sua formação deve ser boa parte composta do que a sua base familiar transmite. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nero e a "Dança da Manivela"... - Será Possível???

São Paulo - 460 Anos - Fatos e Curiosidades - Feliz Aniversário!!!

Peço Licença ao Julio Verne - "A Volta a Um Livro em 100 Anos" - (Subvertendo o Título Original da Obra)