Automóvel - Motor de Uma Sociedade Complexa...

Me vi impelido a dedicar algumas linhas a respeito desta invenção do mundo moderno, após presenciar algo que é muito comum na casualidade urbana: as personagens que compõem o trânsito brasileiro. Eu talvez não possa me limitar, em termos de análise territorial àquele ligado à megalópole (São Paulo, onde vivo), porque conseguimos constatar, pelo noticiário cotidiano, acontecimentos que não gostaríamos de presenciar em municípios de pequeno, médio ou grande porte... 

É inegável afirmar a importância do automóvel no desenvolvimento econômico mundial. O século XIX, por Henry Ford, que disseminou a sua produção, fomentando com isso o asfaltamento de ruas e estradas, foi denominado o "século do automóvel", e nos apresentou o famoso modelo Ford T, o qual, por um tempo bastante relevante, representou o modelo mais vendido ao redor do mundo. Em 19 anos de produção, teve aproximadamente 15 milhões de unidades vendidas. 

Existem muitos outros aspectos possíveis de enumerar em um texto, entre o homem e a máquina, como a paixão entre ele e o automobilismo, marcas, ídolos e momentos, mas restrinjo o preâmbulo ao fato histórico do surgimento do carro, visto que este não é o foco do texto. Como dito anteriormente, circulando pelas ruas da terra da garoa, presenciei uma situação muito comum em nossa estrutura viária: uma série de aproximadamente 4 cruzamentos com os faróis apagados e sem a presença de algum agente da CET para monitorar localmente o trânsito. Com isso, vem à tona aquela situação: como conseguir atravessar de um lado a outro? Como "pinçar", dentre centenas de veículos, algum motorista de espírito altruísta, que nos ofereça gentilmente a passagem? Pois bem, no meu caso não estava conseguindo tal intento, mas observei no quarteirão seguinte uma imagem que fomentou a minha esperança: um condutor, na primeira fileira, acenando os braços para uma senhora atravessar, o que motivou as fileiras à sua esquerda e à direita a parar também. Quando ia esboçar um sorriso, tão radiante e iluminado quanto o sol de outono que nesta tarde de sábado nos brindava, eis que, ouço uma sequência de buzinadas, as quais inferir que eram provenientes dali mesmo (pela distância e intensidade do som) e depois, tristemente constatei que sim pois o motorista que puxava a fila e foi gentil, foi ao mesmo tempo fortemente admoestado pelo detrás, que gesticulou, levantou os braços e esbravejou. 

Eu teria duas hipóteses para tal reação, mas é evidente que o campo de análise pode ser expandido para outras interpretações: a primeira, é falta de educação e civilidade em estado puro. A segunda (e talvez isso possa vir a servir de excusa para o motorista em questão), talvez resida no fato de que ele estivesse realmente com pressa, devido à uma emergência e dado o contexto, precisava otimizar o tempo. 

De qualquer forma, seja qual for a situação real, no Brasil a falta de empatia no trânsito realmente prevalece e por mais que se diga e haja exemplos do que ocorre, muitos motoristas parecem que utilizam o carro como uma metáfora de poder absoluto. Impaciência, uso de álcool e drogas, imprudência, são algumas características encontradas no cotidiano, concorrendo para que o Brasil seja um dos países do mundo com mais acidentes. 

https://www12.senado.leg.br/tv/programas/em-discussao/2022/09/transito-brasileiro-45-mil-mortes-e-r-50-bilhoes-de-prejuizo-economico


Perante estes fatos, nós acabamos nos fazendo a seguinte pergunta e afirmativa: "até quando" e "precisamos de mais campanhas de conscientização e prevenção de acidentes". Ok, de certa maneira elas fazem sentido face nossa perplexidade em relação a tudo que acontece. Mas, noa atendo à condição... humana dos seres humanos, pensando logicamente, as respostas a elas nos levam a constatar o seguinte: até quando... será enquanto a espécie humana existir, pois mesmo sabendo da constituição de nossa sociedade por pessoas com bondade e civilidade, sempre haverá as de má índole. Não fosse assim, se tudo fosse regido pela perfeição e harmonia absolutos, não precisaríamos talvez de leis, correto? E quanto à campanhas de conscientização, de fato elas ajudam, mas já existem e as placas de trânsito, as sinalizações e nosso conhecimento enquanto motoristas já seriam teoricamente ferramentas suficientes para evitarmos muitos dos acidentes que nos colocam como um dos primeiros países com mais vítimas. As campanhas, a meu ver, são complementos e reforço do conceito, mas a cidadania já deve advir de nosso conhecimento e educação prévios, bem como de nossa natureza colaborativa em relação ao nosso semelhante. 

Por fim (e por outro lado), quando se compreende o contexto e existe compreensão em certos casos, felizmente existem desfechos felizes e que nos dão esperança de dias melhores.


Dias melhores virão, é o que esperamos...



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