Resenha Musical - Rush - "Subdivisions"

Muitas vezes eu me considero um típico andarilho, daqueles à la "Crocodillo Dundee", cercado de muita gente, mas na realidade, no fundo da alma, na companhia de mim mesmo. Imerso em leituras, em músicas, desenhos e divagações (pensamentos), tento cultivar, no pouco que me resta desta vertente, um pouco dos sonhos que povoam o meu imaginário. 

Este é um mundo que para os sonhadores do bem parece ser um tanto quanto difícil de administrar, porque ou você se encaixa, ou você fica por fora e perde as oportunidades. E a sua essência é medida em boa parte dos casos menos por seus aspectos humanos e relacionais, e muito mais por aquilo que você (e seu CPF) são capazes de ostentar. 

E por conta de uma competição desenfreada, cruelmente intensificada nestes tempos de redes sociais me vi impelido a discorrer breves palavras acerca de uma canção do "Power Trio" canadense, o Rush, banda símbolo de referências líricas/poéticas a muita gente, e de maestria na condução dos instrumentos e arranjos, especialmente na bateria do saudoso Neil Peart (falecido em 2020).

Mais especificamente, "Subdivisions": ela diz respeito à diferença de oportunidade e perspectivas existentes até hoje entre os denominados deslocados e tímidos x extrovertidos e cativantes. Hoje em dia intensificada pelo chamado "bullying", acaba realmente em muitos casos alijando a socialização entre indivíduos dos dois universos e cria situações que em alguns casos acabam por potencializar reações desmedidas e inesperadas que friso são explicáveis pelo contexto apresentado aqui, mas não são justificáveis evidentemente.

Esse é o mote, o contexto da canção, que foi gravada como parte integrante do álbum "Signals" (abaixo). 

Nos apresentar uma reflexão derivada de uma linha do tempo até bastante lógica: as dúvidas e inquietações adolescentes derivadas de como fazemos para nos encaixar em determinados grupos e sermos "populares", a imersão nos "campos de provas" utilizados para isto (fraternidades, comunidades, influenciadores no mundo atual) e a reanálise, esta última para tirar a "prova dos nove" visando constatar (ou não) que este é o universo que realmente gostaríamos de nos encaixar. 


Para concluir, nesse contexto todo veio à mente um contexto importante até mesmo no mundo profissional de hoje, que é o senso de pertencimento. Além dos códigos de conduta e regulamentos, a forma com que se trabalha a relativização da importância do indivíduo, não se levando em conta tanto sua hierarquia, mas a percepção de sua relevância quanto ao alcance de resultados e desenvolvimento pessoal e da corporação, acaba sendo importante para mitigar esta dúvida existencial e a plêiade de incertezas que povoam a mente do ser urbano atual, angustiado pela quantidade monstruosa de dados, informações e referências desta nossa era informacional. 


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