Rolam as Pedras... Mas Não Deveriam Rolar!

Boa noite, pessoal. 

Inicio esta postagem delimitando o significado de dois conceitos, cuja escrita é bem parecida entre si, mas que na realidade têm contextos bem diferentes. São eles, liberdade e libertinagem. 

Basicamente, a liberdade diz respeito ao direito de ir e vir, de acordo com nosso livre-arbítrio, desde que tal movimentação física e filosófica (que envolva ideias, conceitos e pensamentos) não prejudique outras pessoas ou não afronte a lei vigente. Acontece que, sob a égide de Kant, a liberdade representa a nossa capacidade (do indivíduo, ser humano) de ditarmos as próprias regras, mas ela acaba sendo deturpada por pessoas, que travestidas de um papel de manifestantes, pensam que podem extrapolar e se julgam acima do bem e do mal, sob o pretexto de serem paladinos da liberdade. 


Os protestos nesta última quarta-feira no Rio de Janeiro, no bairro do Leblon especificamente, demonstraram que nem sempre vale aquele dito de que "o povo unido, jamais será vencido". Porque a união, na realidade, somente vale quando a gente não interfere na liberdade do outro ou quando não aterrorizamos as pessoas que vivem em determinada comunidade, ou ali trabalham. 
As maneiras de pensar e agir exteriores ao indivíduo em si (ou seja, ao homem, como sujeito único), coercitivas a ponto de se tornar uma norma coletiva que não permita um senso crítico em relação à forma de agir, representam o fato social, estudado por um sociólogo francês, Èmile Durkheim. 


A coercitividade é assim conceituada por ele...

  • Coercitividade - característica relacionada com a força dos padrões culturais do grupo que os indivíduos integram. Estes padrões culturais são fortes de tal maneira que obrigam os indivíduos a cumpri-los.

Tomando como base a capacidade de ser anônimo perante a sociedade (com uso de máscaras e outros artefatos), mas ao mesmo tempo importante dentro de um grupo que preza um mesmo objetivo (ou seja, o vandalismo), os ditos "manifestantes", pela noção deturpada de grupo e convívio em sociedade, fusionada por um clamor popular legítimo, mas utilizado como desculpa para a manifestação violenta e exacerbada, infelizmente exageraram na dose dos protestos, vitimando muitos trabalhadores e donos de estabelecimentos, por conta da destruição que promoveram. 


Evidentemente que a rebeldia em forma de protesto em relação a supostos ícones do imperialismo mundial e do rescaldo de ditadura, como grandes corporações, impérios televisivos (uma das sedes da TV Globo, fica no Leblon e foi atacada também), conglomerados bancários, pode ser manifestada de maneira criativa e organizada, mas de nada adianta atacar estes mesmos ícones, sabendo que pessoas que dependem da estrutura física de trabalho para manterem seus empregos, lá precisam se instalar. E que o bem comum precede o bem individual, na precedência do Direito. 

Com isso, a chave dos conceitos é alterada, pois a liberdade de ir e vir e até mesmo de protestar, acaba sendo ofuscada pela sua má aplicação, ou seja, pela libertinagem. Uma liberdade sem bom senso, sem respeito, com uma devassidão ilimitada, transcende o conceito de coercitividade no direito de ir e vir das pessoas que nada tinham a ver com a manifestação, por conta da destruição dos aparatos coletivos (exemplo dos meios de transporte, pontos de ônibus, estações de trem, etc...).



E, neste caso, que rolam as pedras, elas não devem rolar. Pois são pedras atiradas para destruir e causar caos e desordem sem objetivo justo e pacífico de protestar. Bem diferentes daquelas cantadas nesta música do Kiko Zambianchi...


Até a próxima postagem, pessoal!

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