Discurso Alemão x Discursos Governamentais...

Desde o início desta Copa do Mundo, tornou-se emblemática a demonstração de simpatia do escrete alemão, bem como a sua disciplina nos treinamentos e foco em uma tradição vencedora de levar sua seleção o mais longe possível. 
Também, diferentemente das demonstrações de populismo que certamente iremos ver por parte de nossos queridos candidatos à presidência, os quais, para angariar votos a todo custo, misturam-se com a plebe pobre, suja, com pouco estudo e humilde, para depois, como propala o vídeo-sátira de Marcelo Adnet, "se limpar com álcool gel", demonstraram todo o seu carinho para com o povo brasileiro, em demonstrações espontâneas de respeito e cumplicidade.
Em um dos momentos mais interessantes, tivemos, na cidade-sede germânica (Santa Cruz Cabrália-BA), dois atletas (Neuer e Schweinsteiger) interagindo com a população local e cantando o hino do Esporte Clube Bahia, vestindo inclusive as cores tricolores da boa terra. 


A única "promessa" e que sempre é cumprida por parte destes jogadores, é que a Alemanha sempre chega com competência, competitividade e disciplina nas competições que se propõe a jogar. A primeira seleção na história que chega a quatro semifinais consecutivas, consegue interagir com os mais humildes, sem o defeito político, o câncer chamado populismo. Talvez isso se deva ao fato de que sentiram na pele anos terríveis de depressão econômica, com uma inflação acachapante ocorrida após a I Guerra Mundial (1918-1923). Para se ter uma ideia, os preços, durante este período, aumentaram cerca de 480 bilhões de vezes. 
Também se deva ao fato de terem passado por um período igualmente terrível, sob a ditadura de Adolf Hitler, sua política de eugenia (supremacia racial), a qual foi colocada em campo como pretexto para deflagrar a II Guerra Mundial, que deixou um terrível saldo de 60 milhões de mortos, aproximadamente...
Decerto, ainda existem grupos neonazistas dentro do território alemão, mas, pela demonstração oferecida pela seleção alemã durante a estada aqui no Brasil, prevalecem aspectos ligados à simpatia e ao respeito. Isso serve para ilustrar e até mesmo para amenizar um pouco a terrível derrota de 7 x 1 que tivemos ontem, na semifinal disputada no estádio Mineirão, Belo Horizonte. 
O respeito dos germânicos pelo Brasil existe e também para com o nosso futebol. Foi perceptível, em alguns momentos da partida, que o time "tirou o pé", do contrário, aquele placar assustador de 5 x 0 na primeira meia-hora de jogo, seria maior ainda e a tragédia anunciada ainda maior... 
Países têm problemas e os desenvolvidos não ficam atrás. A questão é diferenciar como o seu povo e seus respectivos governantes propõem-se a enfrentá-los. Nós, encaramos o problema de uma derrota em um esporte fomentando a violência e a discórdia, vide a reação imediata de queima de ônibus e brigas registradas em redutos de torcedores pelo país afora. Já os nossos ditos "rivais das quatro linhas", resolvem reagir com muita galhardia, e isso pode ser estampado nas palavras de um dos seus ídolos, Lukas Podolski, que, num arroubo de gentileza, ofereceu as seguintes palavras aos brasileiros:

"Respeite a AMARELINHA com sua história e tradição. O mundo do futebol deve muito ao futebol brasileiro, que é e sempre será o país do futebol.

A vitória é consequência do trabalho, viemos determinados, todos nós crescemos vendo o Brasil jogar, nossos heróis que nos inspiraram são todos daqui.

Brigas nas ruas, confusões, protestos não irão resolver ou mudar nada. Quando a Copa acabar e nós formos embora, tudo voltará ao normal então muita paz e amor para esse povo maravilhoso, um povo humilde, batalhador e honesto. Um país que eu aprendi a amar".



Podolski está à esquerda e Schweinsteiger à direita na foto. 

Alguns comentários na internet dizem que esta mensagem de Podolski é puro marketing, mas eu prefiro acreditar na hipótese da simpatia e galhardia construídas ao longo do tempo e também ao longo de tanto sofrimento que este povo já teve em sua história. 

Enquanto estes atletas demonstram uma opinião, a meu ver, espontânea sobre o nosso país, demonstrando que se fossem parte da sociedade, fariam a diferença, nós temos como primeira reação, a queima de ônibus, como já citado, meio de transporte que, diga-se de passagem, é usado por nós mesmos, camada menos favorecida da população. 


Em contrapartida também, sucessivamente, eleição após eleição, nossos queridos políticos tanto prometem fazer as suas benesses ao povo brasileiro, mas os indicadores de nosso país não indicam nada disso. Espero que sinceramente, mais do que uma reformulação do futebol brasileiro, uma derrota como esta nos dê a oportunidade de refletir que temos sim a oportunidade de sermos vencedores, colocando o conhecimento, o estudo, o trabalho e a união como elementos primordiais à construção de uma sociedade mais justa, equalitária. 

Fica como "dica" a você eleitor, o vídeo-sátira abaixo, que mais do que engraçado, demonstra o quanto a postura política de muitos de nossos legisladores é diametralmente diferente antes e após as eleições. Reflita: nas grandes derrotas há a oportunidade de construir uma nação muito mais justa. Basta o povo como sociedade querer...


Até a próxima postagem, pessoal...




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nero e a "Dança da Manivela"... - Será Possível???

São Paulo - 460 Anos - Fatos e Curiosidades - Feliz Aniversário!!!

Plásticos, Vidros, Químicos - Crônica de uma Abordagem Inusitada dos Elementos Inanimados...