O Perdão Começa Por Nós

A crônica abaixo faz parte de uma reflexão pessoal sobre a vida. Espero que aproveitem.

"A gente tem uma tendência de pensar o perdão em relação ao ofensor, mas é incrível pensar no poder transformador de uma leitura, no sentido de modificar alguns paradigmas.

O principal, dentro do artigo da Revista Seleções, fala que não precisamos esconder ou "varrer para debaixo do tapete" quaisquer ofensas que outrora recebemos. Como o próprio texto afirma, um de nossos principais erros consiste em ter o desgosto com o passado se alimentando de grandes porções do presente.

Muito perspicaz foi a metáfora do avião, onde é feita uma comparação entre os rancores e problemas não solucionados e as aeronaves que voam sem parar, sem ter a capacidade de encontrar um porto seguro, um aeroporto de destino.

Talvez, como eu particularmente goste de estabelecer metáforas entre fatos, possa criar a seguinte: a separação do joio em relação ao trigo em uma plantação. Se semearmos continuamente um intenso rancor, um sentimento desenfreado de raiva, sem praticarmos a resiliência, semearemos na verdade o joio. Ele consumirá todas as nossa plantações (o nosso trigo), representadas pela criatividade, manancial de idéias, poder de raciocínio e produtividade.

O dito popular explica que quem vive de passado é museu. Com certeza, até os nossos mais pacientes amigos podem dar prova a respeito porque não há paciência que aguente constantes reclamações, lamúrios e instabilidades de humor.

Particularmente, após insistir em uma situação que na realidade era totalmente insolúvel, eu aprendi que não valeria a pena permanecer em uma estagnação impraticável.

Na realidade, perdoar o outro requer um preparo espiritual muito apurado, uma capacidade de abstrair e resistir muito além de nossas forças, muitas vezes. Por conta disso, uma solução mais plausível consiste em fazer uma separação de conceitos úteis, após a situação desagradável.

1. Aprendizado: tal como um aluno indisciplinado que martela em um erro, mesmo sob constantes avisos ou reprimendas, se torna possível, após cairmos do cavalo, aprendermos valiosas lições de convivência humana e moderação de comportamento.

2. Trabalhar com a resiliência: esta palavra mágica me era desconhecida, por incrível que pareça. O dicionário priberam (http://www.priberam.pt) especifica o seguinte: "Capacidade de superar, de recuperar as adversidades."
É uma prática dosada por ações voltadas ao bem, porque elas neutralizam as más lembranças. Ironicamente, e até enfatizando o caráter humano de cada um de nós, há horas que torna-se árduo esquecer isso tudo, tanto que este artigo começou a ser escrito por conta da análise dos meus erros do passado.

3. Preservar a saúde física: o mesmo artigo explicita o prejuízo à saúde física quanto à persistência da mágoa e rancor. Mesmo cinco minutos em transformação, de uma serenidade conquistada à uma retomada do cultivo da raiva, derivam para uma variação da freqüência cardíaca e do sistema imunológico, retirando a capacidade de reação frente à doenças.

Relaxamento necessário, portanto. Sofrer eternamente, somente é possível em caráter poético, mas a vida real tem muito mais a oferecer do que isso. Como o próprio texto diz, "ao mundo não interessa o nosso passado, só o que somos capazes de fazer e dar agora."

Até a próxima postagem, pessoal!

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