Análise do "Jeitinho Brasileiro" - Uma Sociedade a Evoluir (Mas Que Mostra Sinais de Melhora...)

Diz o artigo 3° da Constituição da República Federativa do Brasil:

"Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."

Não sei se desde o descobrimento é assim, afinal meus conhecimentos da História do Brasil são muito elementares, mas, analisando o comportamento humano, fomentado pela fome monetária, sua própria característica de tentar levar vantagem sob seu semelhante, recorrendo a trapaças para isso e, no caso do Brasil, verificando que só se chega a um objetivo concreto de vida, ao passar para trás o menos favorecido, constato que estamos longe de cumprir ao menos um dos itens acima citados, de sociedade livre, justa e solidária. 


As pequenas contravenções, toleradas por muitos de nós e até mesmo glorificadas (em alguns casos), em nome de um suposto alcance da autonomia e maioridade (ex: ultrapassar pelo acostamento, dar propina a guardas de trânsito, beber a famosa "cervejinha" e dirigir), tornaram-se hábitos tão comuns do cotidiano, que a questão de ser solidário e projetar o que tais atos podem acarretar ao semelhante, fica em segundo plano. 

E como a população projeta em si esta autêntica concepção de que é dificílimo vencer por méritos próprios, ligados à honestidade, lisura e respeito ao próximo, a classe política se aproveita disso, e, por extensão, utiliza das vantagens do poder para alcançar somas vultuosas e para multiplicar de forma inexplicável e incompatível à sua renda, seu patrimônio. 


E aproximar-se do povo é apenas para fins de oportunismo, projetando os dividendos eleitorais que isso poderá trazer.

Com isso, vem à tona aquela velha expressão, nascida de observações do cronista e escritor Nelson Rodrigues, do "complexo de vira-latas". Ou seja, o brasileiro, com todo esse contexto de corrupção tomando o noticiário diário e quase sendo exclusividade como assunto nas rotas de conversa e na indignação, acaba tendo uma visão bastante fatalista do futuro do país e não raro realiza comparações entre nosso país e outros, principalmente os europeus e os EUA.

O texto contido no link a seguir explica um pouco esse contexto: 

http://www.franthiescoballerini.com/noticias.asp?id_noticia=251&id_tipo_noticia=9&id_secao=17.

O brasileiro, por outro lado, felizmente está percebendo que as pautas do Congresso Nacional e do Poder Executivo são quase que unicamente oportunistas. Não se tomam atitudes concretas em prol das pessoas mais humildes, das pessoas que dependem de perícias do INSS para receber um parco salário, que não consegue oferecer um mínimo de dignidade à pessoa, da disponibilização de hospitais (principalmente nas regiões com menor oferta de leitos), da melhoria da educação e da diminuição dos privilégios. Apenas criam-se CPIs infindáveis, e CPIs como a que por exemplo investiga as contas do exterior do deputado Eduardo Cunha. E essas CPIs sempre são travadas por dispositivos previstos no chamado "regimento" do Congresso.

O fato é que, seja quem se manifeste, a meu ver, seja de qual classe social for, filosofia, credo, deve priorizar algo apartidário e também um exame de consciência de que um pouco de modificação de seus atos colabora para a melhoria do país. 


E que, figuras políticas, da vertente que forem, não devem tomar partido (desculpem o trocadilho), nesta fase de busca por justiça e isonomia, até mesmo para que possamos, de uma vez por todas fazer valer a frase de que "todo o poder emana do povo e por ele é exercido."


Isso porque na prática o poder, historicamente, esteve sempre longe dele...

E porque a isonomia é fundamental para avaliar os atos de corrupção não tomando em conta a postura de esquerda ou direita do investigado, mas sim seus atos e sua conduta. Nada além disso!


O problema de muitos corruptos é que eles sustentam tanto a sua verdade (que é uma mentira), que acabam, dentro de suas mentes deturpadas e firmes neste propósito ruim, tomando-as como impossíveis de ruir...

Tal visão vem bem a calhar com a frase do notório escritor Aldous Huxley: "Se considerais ter agido mal, arrependei-vos, corrigi os vossos erros na medida do possível e tentai conduzir-vos melhor na próxima vez. E não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas faltas. Rebolar no lodo não é, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar."

E com este inesquecível comercial da Folha (veja a alusão à sustentação da mentira):


É possível contar diversas mentiras, contando somente a verdade. De fato, podemos ter tido pessoas "agraciadas" com o paliativo do bolsa-família? Sim. Podemos ter tido pessoas beneficiadas pelo Minha Casa, Minha Vida, com o Pronatec? Sem dúvida... Mas isso não pode ocultar as relações um tanto quanto duvidosas entre o poder e as empresas investigadas. Ou seja, estas ditas "verdades", das reais (ou inflacionadas?) conquistas governamentais, são verdades (??) que não podem esconder a mentira...

Até a próxima postagem, pessoal! Reflitamos...

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