Opressividade Por Todos os Lados - Aprendendo a Andar Novamente...
Completamos mais de um ano de pandemia e, mais do que o vírus em si, parece que nosso habitat, país, atitudes, juventude, comportamento, esperança, generosidade e demais predicados é que realmente entraram em uma espécie de "lockdown" definitivo, tamanha a profusão de notícias negativamente surpreendentes que vivenciamos, fruto da mais completa falta de cidadania e consciência quanto ao papel de cada um de nós, indivíduos, no esforço de salvar este país, diariamente castigado em sua vastidão territorial...
O Brasil é um paciente contaminado, de mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, metaforicamente falando, perdendo "peso" (milhares de mortes diárias, com desemprego e fome por parte de uma grande parcela de sua população), mantido vivo por uma espécie de "respirador" bastante precário (auxílio emergencial, decretos restritivos do direito de ir e vir, cada qual customizado à cidade ou Estado que o instituiu), mas que ainda poderia vir a ter alta, porém que ainda não foi efetivamente conduzido à UTI que possa curá-lo, por conta de estar em uma "fila", gerada por fatores impeditivos a que isso ocorra.
Fatores impeditivos, o que será que isso significa...
Atitudes basicamente...
Desde determinado gestor público que apregoa em um dia que as pessoas devem evitar as aglomerações, reuniões e festas, e no dia seguinte promove a antítese disso, sob a alegação que seria uma mera reunião familiar, até extratos de nossa juventude agindo exatamente (e irresponsavelmente) assim.
O fato de insistirmos em certos comportamentos incompatíveis com o esperado ao ato não apenas de prevenção, mas também de solidariedade com diversos segmentos profissionais que batalham diariamente para salvar e dar dignidade a vários seres humanos não tem mais justificativa por necessidade de "campanhas de conscientização", assim acredito porque a conscientização já está presente por si só pelas imagens calamitosas de nossa realidade dentro do ambiente hospitalar de todo o país.
Atitudes basicamente... e nisso ficamos nos perguntando: por que as pessoas agem assim, porque remam contra a maré da civilidade, do pensamento convergente para fazer sua parte e mudar o curso desta história tão terrível que vamos vivendo? Difícil dar um diagnóstico definitivo, mas parece que ir contra o "establishment" de uma vida "careta", povoada por seres "exóticos", talvez jovens que tentam manter seu equilíbrio espiritual, seu altruísmo perante os demais, seu sentido de vida no caminho de construir algo significativo, que lhe dê propósito e pertencimento (o que leva ao reconhecimento e felicidade, mesmo sob a atmosfera de um cenário de imensas dificuldades), aparenta ser mais legal a estas pessoas, mesmo que com isso elas, indiretamente, contribuam para o crescimento do cenário de caos.
Nesse pântano de opressividade que a COVID-19 nada de braçada, o que a maioria das pessoas espera é, independentemente do cunho político que a discussão tome, e muito além desse elemento limitador, polarizador e semeador de muitas discórdias, tirar o Brasil desta falta de tratamento, da margem mais sofrida de sua história, para que ele, neste centro recuperador que é a metafórica UTI do repensar de nossas atitudes, aprenda novamente a andar e falar, questionando: "por onde eu começo?".
O recomeço passará pela consciência de que, cada um de nós pode colaborar, dentro do seu respectivo conhecimento, potencialidades e condição sócio-econômica na virada deste jogo. Pois no seu placar atual, estamos sendo derrotados.
"Aprendendo a andar novamente
Acredito que já esperei tempo demais
Por onde eu começo?
Aprendendo a falar novamente
Acredito que já esperei tempo demais
Por onde eu começo?"
https://www.letras.mus.br/foo-fighters/1832712/traducao.html
O mundo de hoje, tal como esta canção do Foo Fighters, de fato reúne muita coisa que nos oprime, converge para nos desestabilizar emocionalmente, mas cada um de nós tem a real capacidade de provar que queremos voltar a viver uma vida em que até gestos aparentemente simples e elementares, serão efusivamente comemorados.
Até a próxima postagem, pessoal.
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