"Inabalável" Balada de Cada Dia...
Essa postagem tentará falar de um pouco de crença, mas também conterá elementos de desesperança, raiva e inquietação a respeito de algo meramente atitudinal. Da foto abaixo, qual o primeiro elemento que você consegue depreender?
Talvez vergonha? Insegurança? Medo?
Para mim (e desculpe ser tão incisivo), é a face mais visível da falta de empatia ou então, migrando esta análise para o mundo lúdico (até para tentar falar a respeito de forma eufemística), talvez estejamos retratando jovens que acabaram de chegar de uma viagem "divertida" tendo como destino o corpo humano, por um roteiro parecido do filme "Viagem Insólita (1987)"...
Sim, essa é a parte da crença que que gostaria que fosse a verdadeira.
Para quem não conhece o filme, o mote dele diz respeito a um piloto da marinha americana. Ele participa de uma experiência científica, é miniaturizado e deveria (!) ser injetado no organismo de um coelho para estudar os efeitos de algumas técnicas cirúrgicas. Porém, por acidente, acaba adentrando no corpo de um ser humano, um balconista de supermercado hipocondríaco e as aventuras que vão se desenrolando aí, só vendo o filme para saber. Porém, para ajudar em sua avaliação, aí vai um pequeno "trailer"...
Mas não é nada disso... infelizmente. Não é uma aventura cinematográfica.
É o retrato de parte de nossa população, especialmente a juventude. Colabora para que os outros dois elementos citados no início deste texto (raiva e inquietação), venham à tona e nos encham de perguntas do tipo: "por que agem assim"?
É o retrato de "jovens" encontrados em uma "inabalável" balada de cada dia, tão "fundamental" em uma época como hoje. Afinal, se eu sou jovem, eu sou indestrutível, não é mesmo? Eu tenho "físico de atleta", sou inabalável, não é mesmo? E afinal de contas, já que a vacinação começou em nosso país, vamos celebrar a vida, não é?
A inquietação é saber como este hipotético "estado paralelo de coisas" pode sobressair, em um país onde milhares de pessoas têm morrido de maneira degradante e aterrorizante diariamente. Onde os profissionais de saúde têm perdido seu sono, alterado seu estado psíquico normal, onde ficam encarregados de informar a parentes e amigos de pacientes sobre as perdas ocorridas.
Aquela velha orientação de reforçar as "campanhas de conscientização e orientação" me desculpem, já não é mais cabível neste caso. Porque a mídia diariamente nos passa uma gama interminável de informações, sejam factuais, sejam de orientação, de maneira que não há desculpas para alegar desconhecimento a respeito da gravidade do COVID-19.
Pois bem, este segmento da juventude que pouco sabe expressar-se, que é pouco afeita à leitura, aos estudos, ao trabalho voluntário, ao doar o seu tempo ao próximo, acredita ser "da hora" continuar insistindo em sua "inabalável" balada de cada dia, mas se esquecem que, à medida que mais um se junta à sua festa, maior o risco.
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