Solitude... Descobri esta palavra há pouco
tempo., em artigos a respeito do comportamento humano. Mas o melhor modo para
aprender em muitas áreas do conhecimento consiste em ter a prática ao nosso
lado. Nesse sentido reflito a partir de algumas situações vivenciadas
recentemente em meu cotidiano, o quanto este substantivo pode ser importante
para nos afastarmos das intempéries de outra palavra tão presente: a solidão.
Eu hoje conheci um senhor chamado Eurípedes, por sinal um nome cuja relação com
o saber vem muito forte. Da dramaturgia da Grécia antiga, o nome é homônimo. Os
temas de sua literatura versam sobre por exemplo, a humanização de personagens
e este senhor me abordou na rua a partir de uma dificuldade evidente de
carregar uma caixa, não muito grande em volume, mas bastante pesada. Estava
ofegante e demonstrava dificuldades em caminhar, no que prontamente o auxiliei.
Carreguei a caixa e, certo de que ocorreu uma instantânea empatia, reforçada
pela cordialidade, ele me permitiu entrar em seu prédio e acompanhá-lo até seu
andar (quinto), para finalmente poder depositar aquele pesado volume em cima de
uma cadeira.
Refleti a respeito e retomei em pensamento o quão comum acaba sendo a solidão
da terceira idade. Em alguns caminhos percorridos por mim, ligados à rotina de
determinados afazeres, minha memória permitiu o resgate de imagens de idosos
caminhando seja sozinhos ou com seus animais de estimação e questionar: quantos
curtem a solitude e quantos, sem contatos espontâneos de parentes, amigos ou
conhecidos, estão acometidos pela solidão e mergulham em uma profunda
depressão?
Esta pode ser uma explicação imediata à confiança outorgada a mim pelo senhor
Eurípedes, mesmo sendo eu um estranho até então para ele. O fato de dar atenção
e até mesmo ter praticado ali a "escuta ativa", importando-se com a
causa, desperta um brilho no olhar e uma enorme receptividade.
Fica a lição então: por mais que tenhamos construído uma espécie de
"carapaça" ou arcabouço de autossuficiência e estejamos bem com a
nossa solitude, em algum momento a interação com o próximo será necessária....
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