Cozinha "Cockpit" x Cozinha "Das Trevas"

Espaços inversamente proporcionais à função a que se propõem acabam se tornando comuns em nosso cotidiano. Quando pensamos no conceito de lar, idealizamos, especialmente se temos uma família formada de cônjuges, filhos e pets muitas vezes, associamos o conforto à amplitude, visão privilegiada de ambientes, natureza, gramados, playgrounds, piscinas e churrasqueiras...


Desde o Renascimento ocorre a ênfase em representar o mundo desta maneira mais realista, com perspectiva e tridimensionalidade. Ele instituiu estas métricas e inspirou a fotografia, cinema, artes gráficas e arquitetura atuais. 

Mas como trabalhar, considerando este anseio humano pela busca por espaços, no projeto de um local funcional, aconchegante e relativamente barato para se morar? Quebrando alguns paradigmas, dentre eles, abdicando de e otimizando alguns espaços de convivência. 

Abordando este assunto dentro no meu lar, surgiu um termo interessante pela minha mãe, chamado cozinha "cockpit". Será que realmente ela existe? Fizemos esta indagação e com isso uma missão me foi dada: escrever uma resenha a respeito do assunto, confrontando este ponto de vista com outra terminologia que eu sugeri, em contraposição, chamada cozinha "das trevas", ou seja, com pouca iluminação e visibilidade. 

De fato, ela existe e tal qual um cockpit de um carro de corrida por exemplo, parece ser customizada para que exatamente uma pessoa apenas ali caiba. Apesar disso, sugestões de composição funcional para ela são plausíveis de construir, tal como reproduz a foto abaixo, na qual algumas surpresas são reservadas: uma tábua de madeira basculante, que esconde um cooktop e também uma geladeira do estilo frigobar alocada dentro de um gabinete. 


Daí reside a ideia de estarmos sempre abertos ao conhecimento multidisciplinar. Mesmo não tendo formação em arquitetura, vale explorar o assunto, visto que eu tomava como péssima referência alguns ambientes de cozinha bastantes limitados em termos de espaço, associando a isso o pensamento ligado à falta de itens básicos que imaginamos, dentro de um denominador comum de referência, de tamanho muito maior do que a capacidade em metros quadrados do ambiente. Geladeiras, fogões e armários não seriam elementos passíveis de alocar nestas soluções até este momento então. Modifiquei este conceito a partir de agora. 

Assim como para outras pessoas, existem diferentes maneiras de aceitar a luminosidade dos ambientes. Por isso a alcunha de "cozinha das trevas", pois elas são assim classificadas, chegam a este ponto, por não oferecerem visibilidade mínima suficiente para sequer cozinhar um ovo. Talvez uma exceção a isso seja a cozinha abaixo, dona de uma inscrição "o cavaleiro das trevas" sob uma luz azul. 


Nesse ato de "transição de ambientes", associei esta passagem do claro para o escuro, ao famoso jogo de Atari, o Enduro. Cada dia era subdivido em fases, e, à medida do avanço conquistado pelo jogador, o cenário torna-se mais escuro, tendo direito inclusive ao embate com a neblina, tornando o desafio cada vez mais necessário de artifícios ardilosos para vencê-lo.


Enfim, qual a lição que se tira disso tudo? Talvez de que realmente "gosto não de discute", mas sim se "apresenta" mediante a defesa de seu ponto de vista particular, "debate", respeitando os lados antagônicos e "absorve", pois o contraditório sempre vai existir e talvez ofereça um aprendizado a nós. E que temos direito sim a manifestarmos nossas preferências e anteposições, mas tomando o respeito como mote. 

Até a próxima postagem, pessoal!

Comentários

carloz disse…
Brilhante. Digno de um artigo para revistrevistas especializadas e ao mesmo tempo uma contraposição das modernidades.

Postagens mais visitadas deste blog

Nero e a "Dança da Manivela"... - Será Possível???

Pai - Seis Meses de Ausência... (Um Dia Volto à Califórnia... e ao Canindé)

Passos Maternos... E Sua Representatividade... Uma Visão de Filho...