Peço Licença ao Julio Verne - "A Volta a Um Livro em 100 Anos" - (Subvertendo o Título Original da Obra)
Nunca vesti escafandro, snorkel, roupa de neoprene, mas sempre fui um mergulhador nato. Parece controverso? Sim, à primeira vista, devo confessar. Porém, nem tudo é o que aparenta ser, conforme apregoa o dito popular.
Eu mergulho constantemente no mar dos livros. Oceanos de letras que assim como a água, saciam nossa sede da curiosidade, nos mantém "hidratados" de conhecimento e amenizam nossa febre de expectativas de aproximação do saber.
E o universo da literatura é tão rico que possibilita nos encantarmos com determinadas obras, sem ao menos termos ouvido falar delas anteriormente.
Dentre o conjunto de decisões tomadas ao longo de nossa vida, algumas inerentes do avanço da idade e das responsabilidades associadas a ela (voto obrigatório, declaração de imposto de renda, dentre elas), outra motivadas pelos nossos valores ou escolhas, a leitura demonstra ser um dos mais importantes, por uma série de motivos. Cada pessoa pode atribuir os seus, sendo que eu enumero os seguintes:
- Tranquilidade e concentração.
- Repertório para composição de textos.
- Fixação de conceitos históricos.
- Uma empatia "alternativa"
Este quarto sentido eu explico agora. Quando aplicamos o termo empatia, comumente nós o conceituamos como "colocar-se no lugar do outro", num sentido solidário, de compreensão e até mesmo de divisão de atribuições, buscando amenizar obstáculos e dificuldades. Mas aqui é ligada no ato de projetarmos em nossa imaginação a característica de determinadas personagens e até mesmo a linha do tempo da história vivida por eles.
Por exemplo: às vezes temos uma vontade enorme de sermos Phileas Fogg ou Passepartout desbravando o mundo em uma corrida maluca atrás dos 80 dias, vivenciando as aventuras e intempéries do caminho. Ou um dos animais presentes em "A Revolução dos Bichos". Até mesmo vivermos um papel um tanto quanto ingrato, seja de agente da lei, seja de transgressor, presentes em "A Espera de Um Milagre", seja para experimentar o lado místico e milagroso de um lado, seja para viver uma gangorra de emoções presente na convivência com criminosos, lidando com um certo desprezo por estes seres e ao mesmo tempo a presença da humanidade nos gestos, vinculada ao respeito do espaço entre estes dois espectros (criminosos x agentes da lei).
Percebem o mundo vasto que se abre na relação homem x livro? Pois bem, todo esse texto descritivo serviu para ilustrar um fato curioso ligado a uma obra chamada "Tratado Elementar de Eletricidade", cujo autor é James Clerk Maxwell. O livro teve um registro de empréstimo ocorrido em 14/02/1904, da biblioteca Pública de New Bedford, tendo sido recebido como doação em outra instituição (Universidade da Virgínia Ocidental) recentemente.
O curador de livros desta universidade percebeu que a obra fazia parte do acervo de New Bedford, realizou contato com ela e assim foi acordada a devolução. Detalhe: a distância entre os dois locais é de cerca de 1000km.
Parece que a letra de "Epitáfio" (Titãs) vem bem a calhar neste caso, não? O acaso protegeu a obra enquanto muitos que a manusearam andaram muito distraídos. Brincadeiras e associações à parte, este fato incrível, digno de roteiro à la "De Volta Para o Futuro", nos faz também refletir o quanto nós podemos estar procrastinando determinadas decisões importantes de nosso projeto de vida., tendo como argumento imediato o "Tarde Demais"... No caso deste exemplar, podemos dizer que nunca é tarde recuperar aquilo que perdemos ou deixamos de lado e se emanarmos bons pensamentos neste sentido, uma ajudinha espiritual pode acontecer.
Para este texto, credito um agradecimento especial ao jornalista Fernando Martins, um grande profissional que apresentou uma mini-crônica a respeito do tema pelo Instagram e que eu pedi humildemente licença para compor uma resenha baseada em seu relato.
A crônica do Fernando pode ser assistida mediante acesso ao link abaixo:
https://www.instagram.com/p/CulDO64rtR6/
Até uma próxima postagem, pessoal!
Comentários