Uma Imagem... Mil Palavras (Ou Sem Palavras...)
Tempos universitários que não voltam mais... tempos estes em que o espírito aventureiro das incursões por lugares nunca dantes navegados ainda fazia parte ativa do cotidiano deste que vos fala (ou posta??), as quais carregaram em minha recordação (e mochila...) uma bagagem sentimental muito significativa, fruto da reflexão advinda da memória das paragens e pessoas que cruzei.
Um destes lugares inesquecíveis é Paraisópolis. Tendo como pano de fundo um trabalho universitário, me vi, junto com um grupo de estudantes, inserido naquele mundo por alguns momentos, para saber que, nas ruas estreitas, existe um universo muito díspar, em relação ao restante do bairro que o circunda.
Paraisópolis é uma comunidade circundada pelo bairro de classe alta do Morumbi, com aproximadamente 45 mil pessoas, formada inicialmente por pessoas que vieram do Nordeste para trabalhar na construção civil em São Paulo.
De memória, lembro de ter visitado a chamada "Casa de Pedra" de Paraisópolis, que foi erguida por um senhor chamado Estevão da Conceição. Suas paredes e estruturas, permeadas por diversos objetos incrustados, como pires, xícaras, pratos, máscaras e canecas, assemelha-se à Casa de Gaudí em Barcelona, segundo a opinião de muitos.
E, dentro dos "tesouros" documentais de minha vida, compartilho com vocês um curto vídeo que foi publicado há 11 anos aproximadamente, do registro a esta visita incrível.
O momento e o local veio à mente porque também me fez recordar de um dos registros mais emblemáticos do jornalismo brasileiro, do fotógrafo Tuca Vieira, a qual reproduzo abaixo. Tuca é mestre em Arquitetura e Urbanismo e trabalhou para a Folha de São Paulo por alguns anos. A foto foi tirada para uma cobertura em 2004 e tornou-se um símbolo das desigualdades de nosso país.
A fronteira entre os estratos rico e pobre, separada apenas por um muro, retrata muito bem o estado das coisas vigente no Brasil. A pandemia vivida há meses apenas tornou mais explícito tal aspecto, e potencializou não apenas o "abismo social", mas também a própria falta de comprometimento do cidadão brasileiro em não deixar a polarização política prevalecer. A foto é um emblema, uma metáfora muito bem exposta do quanto nós deixamos a convivência harmônica de lado e fazemos valer nas redes sociais o embate entre direita e esquerda, defensores e opositores do governo, esquecendo daquele papel intrínseco de cidadãos, que deveria ser de acompanhar, ler, analisar e cobrar as propostas e projetos que são apresentados no Congresso Nacional, quanto à sua relevância, importância e condução e não deixar que sejamos apenas coadjuvantes de ação, resumindo nosso papel de atuação ao voto. Não deveria ser desta forma. Assim como uma empresa ou estabelecimento que oferecem seus produtos ao consumidor, devem ter um papel ativo no pós-venda em caso de necessidade por parte do cliente, nós, eleitores, também deveríamos atuar junto aos políticos que elegemos, numa espécie de "pós-venda", cobrando uma "garantia" de que nosso voto está bem representado.
A imagem então, que vale por mil palavras, nada mais é que o espelho da falta de palavras com relevância que reina na classe política, na chamada "lacração", nas opiniões radicais e na incapacidade de respeitar aquele que tem opinião distinta da sua. Se o dito popular fala que "os opostos se atraem", em nossa um dia chamada "Terra de Vera Cruz", essa máxima infelizmente não é respeitada.
A imagem de mil palavras, representa uma nação sem palavras... quiçá isso mude em um breve futuro!
Até uma próxima postagem, pessoal!
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Parabéns