Herói Etimológico x "Herói BBB"



Boa noite, pessoal!


Depreendendo do dicionário comum o conceito por trás desta palavra, temos como principal conceito o seguinte: "aquele que se distingue por seu valor ou por suas ações extraordinárias, principalmente por feitos brilhantes durante a guerra." E também: "principal personagem de uma aventura, de um acontecimento."


Bem, aqui no Brasil existem muitos heróis anônimos, pessoas que se distinguem por suas ações extraordinárias. Mas eu gostaria de reservar algumas linhas para comentar a respeito de uma figura que destoa, dentro de um conceito negativo (o Congresso Nacional) já imortalizado por nossa população e até citado em criações musicais ("bando de picaretas...").


Este deputado, chamado José Antonio Reguffe (PDT-DF), subverte a lógica reinante do Poder Legislativo, onde imperam as exceções e os diversos "jeitinhos brasileiros" possíveis em um só lugar, com verbas indenizatórias exorbitantes, verbas de representação, nomeação de assessores sem fim, auxílio-moradia, passagens aéreas e muito mais.




Abaixo extraio um texto que recebi em meu Facebook, a respeito do perfil surpreendente deste parlamentar:


"O deputado federal José Antonio Reguffe (PDT-DF), que foi proporcionalmente o mais bem votado do país com 266.465 votos, com 18,95% dos votos válidos do DF, estreou na Câmara dos Deputados fazendo barulho. De uma tacada só, protocolou vários ofícios na Diretoria-Geral da Casa. Abriu mão dos salários extras que os parlamentares recebem (14° e 15° salários), reduziu sua verba de gabinete e o número de assessores a que teria direito, de 25 para apenas 9. E tudo em caráter irrevogável, nem se ele quiser poderá voltar atrás. Além disso, reduziu em mais de 80% a cota interna do gabinete, o chamado “cotão”.


Dos R$ 23.030 a que teria direito por mês, reduziu para apenas R$ 4.600. Segundo os ofícios, abriu mão também de toda verba indenizatória, de toda cota de passagens aéreas e do auxílio-moradia, tudo também em caráter irrevogável. Sozinho, vai economizar aos cofres públicos mais de R$ 2,3 milhões (isso mesmo R$ 2.300,000) nos quatro anos de mandato. Se os outros 512 deputados seguissem o seu exemplo, a economia aos cofres públicos seria superior a R$ 1,2 bilhão.


“A tese que defendo e que pratico é a de que um mandato parlamentar pode ser de qualidade custando bem menos para o contribuinte do que custa hoje.Esses gastos excessivos são um desrespeito ao contribuinte. Estou fazendo a minha parte e honrando o compromisso que assumi com meus eleitores”, afirmou Reguffe em discurso no plenário."


O mais incrível nesta análise toda é que na realidade, traçando um paralelo entre suas palavras e o real papel de um político eleito pelo povo, ele não deveria ter a alcunha de herói, pois apenas está cobrindo as suas obrigações: as de um Deputado Federal.


Porém, dentro de um lugar-comum, que é a péssima conceituação do Congresso Nacional, torna-se surpreendente, sobrenatural e até assustador termos um representante do povo com esta atitude atípica.


E isso nos leva a pensar que o conceito de herói também não está exatamente certo dentro das palavras do apresentador Pedro Bial. Taxar um programa e seus participantes de heróis está muito longe por exemplo de "matar um leão a cada dia", como todo o trabalhador brasileiro o faz para prover o seu sustento com um salário mínimo e até mesmo, no plano da mitologia clássica, de um dos trabalhos de Hércules: o estrangulamento do leão de Neméia.




A perspectiva de ganhar R$ 1 milhão em um programa televisivo fascina muita gente mesmo, mas o conjunto de "gincanas", as festas regadas a muito àlcool, a leniência e o jogo de intrigas parecem traçar um roteiro bastante sólido de um teatro muito bem engendrado. Cifras e números de audiência valem mais do que a dignidade humana, muitas vezes...


No recente episódio do suposto estupro, a quantidade de manifestações contrárias ao programa aumentou descomunalmente. Tal como o refrão propalado abaixo, os votos de protesto buscaram mostrar que existem limites e que a manipulação não atinge a todos.


"What if I say I'm not like the others"
(E se eu disser que não sou como os outros)
"What if I say I'm not just another one of your plays"
(E se eu disser que não sou apenas outros de seus brinquedos)
"You're the pretender"
(Você é o dissimulado!)
"What if I say that I'll never surrender"
(E se eu disser que nunca me renderei?)


Este embate proporcionado pela indignação, é como o que mostra-se no clipe da música "The Pretender" (Foo Fighters): um lado que surge tímido dos bastidores, mas que torna-se uma voz crescente e tem um clímax dentro de uma manifestação bombástica de indignação, conseguindo vencer a contenda.




Se o Brasil, que agora ultrapassou o Reino Unido, tornando-se a sexta economia do mundo, realmente não tivesse um caminhão de problemas a resolver, se os índices de repetência e evasão escolar fossem pequenos, se a saúde não estivesse em situação tão precária e a violência não estivesse disseminada nos grandes centros, não haveria nem mesmo razão tão direta de escrever este artigo, traçando paralelos e justificando o real conceito de herói.


Mas, cabe a cada um de nós ter o seu ponto de vista e a sua voz ativa para manifestar aquilo que acreditamos ser realmente justo em uma sociedade: na realidade o deputado Raguffe e os "BBB's" não são heróis, cada um sob uma ótica diferente de análise. Um apenas está cumprindo a obrigação normalmente esperada de parlamentar, os outros são apenas participantes de um "reality show", que de verdadeiro tem pouquíssima coisa...


Herói verdadeiro é quem sobrevive com um salário mínimo aqui neste país. E há deputados que ainda duvidam de quem sobreviva com um salário de R$ 11.000,00 (vejam só abaixo):




Diametralmente oposta à postura do Deputado Reguffe, não?


Até a próxima postagem, pessoal!

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