"The Way It Is" Nos Dias de Pandemia - Tecnologia como Alternativa ao "Welfare Dime"?
Existem artistas da área da música especialmente, que são conhecidos como "cantores de uma música só". De fato, se nós citarmos nomes tais como Baltimora, Falco e Limahl, o que vêm à cabeça da maior parte das pessoas?
Bem, em muitas um completo vazio: já em outras como eu, saudosistas dos anos 1970 e 1980, canções como "Tarzan Boy", "Der Kommissar" e "Neverending Story", esta última música-tema de um grande sucesso cinematográfico, "A História Sem Fim".
Mas neste texto eu quero falar um pouco de Bruce Hornsby, que é conhecido por nós pela canção "The Way It Is". Apesar de relativamente antiga, ela reproduz em sua letra, um retrato muito bem correspondente ao que atualmente vivemos no Brasil, potencializado pela pandemia e suas múltiplas restrições e impactos sociais e econômicos. A começar pelo título, que em tradução literal significa "Como as Coisas São", mostra uma determinada persistência no "status quo" brasileiro em deixar a desigualdade perdurar ao longo do tempo.
O "welfare dime" de um dos versos poderia ser a alcunha em português do auxílio emergencial e da bolsa família, instrumentos sem dúvida úteis, mas que deveriam ser substituídos paulatinamente por uma melhor qualidade da educação. E os melhores indicadores não passariam apenas por melhores escolas, conteúdo aperfeiçoado, laboratórios com grande estrutura e verbas melhor distribuídas, mas também pelo engajamento e do "brilho no olhar" de cada um dos alunos, no sentido de suplantar o papel de meros espectadores, transformando-se em figuras ativas da transformação de uma sociedade.
Em suma, a tão falada "sensação de pertencimento". Saber que do ambiente escolar surgiu algo efetivo que mudou o curso de uma comunidade, amenizou dificuldades, deu poder de escolha a um nicho que historicamente é desconhecido.
Muitos remam contra esta maré, insistindo na ideia que não se deve acreditar nos potenciais, nas mudanças. Até mesmo desdenham da situação e munidos de uma pretensa superioridade amparada em status social superior, procuram desencorajar as iniciativas. Nisso, a passagem abaixo da música traduz bem o que ocorre neste sentido:
They say hey little boy you can't go (Eles dizem, hey garotinho, você não pode ir)
Where the others go (Onde os outros vão)
'Cause you don't look like they do (Porque você não se parece com eles)
Said hey old man how can you stand (Disse: Senhor, como você pode)
To think that way (Sustentar essa idéia)
Did you really think about it (Você realmente já pensou nisso)
Before you made the rules (Antes que você ditasse as regras)
Com a realidade do desemprego batendo à porta de milhares devido à inconstância do abre e fecha dos estados emergenciais país afora, uma alternativa para sair do "welfare dime" brasileiro foi bem traduzida por esta notícia inusitada, ocorrida em Pernambuco há cerca de dois anos: o garoto Guilherme que utilizou a tecnologia de uma maneira um tanto quanto "diferente" para estudar. Acompanhem...
No Uruguai, uma iniciativa voltada aos estudantes primários, da idade dele, vem sendo adotada há anos. O plano Ceibal consiste em distribuir tablets de baixo custo aos estudantes, para que possam ser usados como ferramenta auxiliar nos conteúdos escolares, especialmente matemática e língua estrangeira. Implantado em 2007 pelo governo uruguaio, inspirou-se no projeto One Laptop Per Child, de Nicholas Negroponte, tendo como premissa o chamado conceito TIC (Tecnologias de Inovação e Comunicação), ferramentas tecnológicas que não somente na educação, mas no mundo corporativo têm como finalidade a integração entre diferentes áreas e departamentos.
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