Marcas Que Nos Cercam - Logorama x "Rolezinho"...

Como uma espécie de brinde à rotina que nos cerca, acabei por me lembrar, retomando os rituais mais do que habituais (parece uma redundância dizer "rituais habituais", mas enfim...) do Natal, Dia das Crianças, Dia das Mães, dentre outras datas comemorativas do ano, do quanto nós estamos cercados, principalmente na megalópole chamada São Paulo, de tantos signos de consumo que nos tentam a entrar em determinados estabelecimentos comerciais (nossos queridos "Shopping Centers") e nos deparar com elementos de consumo, moda, alimentação desenfreados...
 
Isso porque um dos assuntos mais em voga nos últimos dias diz respeito ao direito de ir e vir x "rolezinhos", passeios organizados nas redes sociais, reunindo milhares de jovens que destinam-se a estes centros de consumo, como uma catarse libertadora, um grito de liberdade para que tenham direito à diversão e contato com este mundo, muitas vezes restrito a um nicho pequeno de pessoas...
 
Um ponto em comum (que quase todo mundo concorda) é que as manifestações, reunindo uma quantidade razoável de gente, são benéficas, desde que não privem também a liberdade de ir e vir de uma outra coletividade. São benéficas também, desde que a desordem, o vandalismo e a libertinagem não imperem. Ou seja, tudo deve ser feito com responsabilidade e respeito.

De qualquer forma, há visões diferentes de juristas a respeito da atitude dos centros comerciais, que impuseram uma proibição dos rolezinhos, por ações na justiça. De um lado, há magistrados que defendem a proibição, por conta de argumentos como a segurança de circulação de pessoas em um ambiente fechado privado, que seria comprometida severamente pela aglomeração de 2 mil ou 3 mil outras. De outro, os que são favoráveis expressam que o direito de ir e vir, expresso pela Constituição, não pode ser quebrado e que já existe, dentro de um Shopping Center, um fator limitador por si só, para o completo acesso das classes menos abastadas, ao consumo: o preço.
 

Ou seja, existe realmente a controvérsia: se o estabelecimento previne estes rolezinhos por liminares, alguns afirmam ser exagero e cerceamento do direito de ir e vir. Se não previne (ou se esta ação não é permitida), as autoridades da justiça e políticas estão sendo omissas. Sempre então a controvérsia irá reinar neste mundo tão... controverso já por si só.

O fato é que, como dito no primeiro parágrafo, os signos de consumo estão por toda a parte em nosso cotidiano dito "civilizatório". É tudo muito efêmero, muito rápido, as versões, os upgrades, a linha de produtos é renovada cada vez mais rapidamente, de modo que muitas vezes não há tempo sequer de inserir-se no mercado, algo que significa muito para boa parte da juventude.
 
As marcas portanto estão inseridas em nosso dia-a-dia, mas produzem um fenômeno bastante interessante: nos deparamos diariamente com dezenas delas, mas de acordo com a rotina atribulada nem nos damos conta disso. Mas, mais tarde, ao ligar nosso televisor ou ao acessar a internet, somos novamente bombardeados por ofertas e janelas "pop-up", relembrando-nos que precisamos estar à frente de nosso tempo pelo consumo...
 
Para deixar esta explanação de uma forma bem emblemática, novamente coloco aqui à disposição de vocês o excelente curta-metragem "Logorama", vencedor do Oscar de 2010 nesta categoria. Colocando metaforicamente algumas visões de personagens diferentes, como o do policial americano normalmente acima do peso (pelos bonecos da Michelin), pelo vilão calórico (McDonalds e um Ronald Mc Donald especialmente vilão), dentre outros, este filme nos passa uma visão interessante, bem-humorada e criativa, do quanto as marcas nos cercam diariamente, mas o quanto também elas tornaram-se parte de nosso comportamento...
 

Vale a pena conferir os quase 15 minutos de filme e fazer uma reflexão sobre como reagimos e como devemos reagir na realidade perante os signos de consumo em relação ao nosso modo de ser e em relação à nossa inserção social. Aparência, para mim, não vale mais do que a essência, mas para muitos, é a máxima contrária que deve-se reinar.
 
 
Até a próxima postagem, pessoal!
 
(artigo escrito com a colaboração de Silvania Pereira - Assistente Social)
 
 

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